Como na eleição de outubro na qual Jair Bolsonaro arregimentou votos de antipetistas que incendiaram a Internet, Davi Alcolumbre, até agora desconhecido dos internautas, surfou numa onda semelhante
Manoel Fernandes, diretor da BITES* - De quinta-feira passada até a eleição sábado à noite de Davi Alcolumbre (DEM-AP) para a presidência do Senado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) experimentou uma forte pressão externa que deve se transformar numa rotina em Brasília. Há uma nova cartografia do poder sendo construída e nesse espaço a opinião pública digital emerge a cada dia com mais força. Foi esse 82º senador da República que ajudou a derrotar Renan.
Como na eleição de outubro na qual Jair Bolsonaro arregimentou votos de antipetistas que incendiaram a Internet com posts contra o ex-presidente Lula e o seu candidato Fernando Haddad, Alcolumbre, até agora desconhecido dos internautas, surfou numa onda semelhante.
Dessa vez, o alvo era o parlamentar alagoano, conhecedor da máquina legislativa do Senado e um dos melhores operadores dos mapas até agora vigentes em Brasília, que perderam a sua capacidade de entender as novas rotas da política nacional, criadas pela nova ordem da eleição de 2018.
Nesses três dias, a vida de Renan não foi fácil. Ele foi alvo de 892.862 tweets produzidos por milhares de perfis contrários à sua candidatura. Como efeito de comparação, no mesmo período, o presidente de Jair Bolsonaro esteve presente em 447.101 posts nessa rede social. A tragédia de Brumadinho apareceu em 227.428 tweets de quinta-feira até às 22h de sábado (2).
Nas 10 hashtags mais associadas a Renan nessa corrida eleitoral, todas eram de natureza negativa para o senador. A campeã foi #renannever com 30% da audiência, seguida de #votoabertosimrenannão (13%) e em terceiro ficou #forarean (7%).
Também no Google, Renan despertou interesse semelhante ao presidente. Na escala de 0 a 100 do buscador, o senador atingiu a média de 20 contra 27 de Bolsonaro dentro desse intervalo.
Em outra direção, os perfis oficiais do senador Alcolumbre no Twitter, Facebook, Instagram e Youtube ganharam nessa batalha 78.571 fãs e seguidores. A base digital do novo presidente saiu de 73.976 para os atuais 149.462 A variação foi de 111%, segundo o Sistema Analítico BITES. Renan cresceu 0,89% -- acréscimo de 3.717 -- chegando aos atuais 419.235 fãs.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), uma das adversárias de Renan dentro do partido e que perdeu a indicação da legenda para disputar a presidência, também foi beneficiada por essa corrente negativa ao colega de bancada. No período analisado, a base de fãs e seguidores nos perfis oficiais nas redes sociais cresceu 178%.
Em três dias, ela conquistou 155.229 aliados digitais. Essa performance foi melhor da obtida por Jorge Kajuru, que fez uso intensivo das plataformas digitais na eleição do Senado, e acrescentou 56 mil fãs à sua base.
No campo da mídia clássica, um site foi determinante na propagação negativa para o senador de Alagoas: O Antagonista. Os editores da página produziram de quinta a sábado 576 artigos. Desse total, 168 eram sobre Renan e a eleição no Senado.
Esse conteúdo alcançou 428 mil interações no Facebook (curtir, comentários e compartilhamentos) e no Twitter (RTs), 18% do volume total de interações nos 1.843 artigos sobre o parlamentar nos últimos três dias em outros sites de notícia.
A eleição também inaugurou novos paradigmas no Senado. Jorge Kajuru (PRP-GO) fez uma enquete na sua página no Facebook para que os seus seguidores decidissem em quem ele votaria. Foram 21,7 mil votos e a maioria optou David Alcumbre (DEM-AP). Assim, Kajuru inaugurou uma prática que pode se tornar bem comum nessa 56ª legislatura do Congresso Nacional.
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