O Acre ganhou a unidade mais moderna de um laboratório molecular da Fundação Mérieux, com sua unidade mais moderna, num investimento de quase R$ 10 milhões (Foto: Diego Gurgel/Secom)
Samuel Bryan - Em abril de 2016, o Acre ganhou seu primeiro laboratório de biologia molecular, o Centro de Infectologia Charles Mérieux, Laboratório Rodolphe Mériuex de pesquisa e diagnóstico em doenças infecciosas. Doação da francesa Fundação Mérieux, o laboratório nunca funcionou em sua totalidade, com atendimentos à população em geral. Agora, o governo se prepara para que esse passo finalmente seja dado.
O Acre é o segundo estado do país a ter um laboratório de biologia molecular da Fundação Mérieux e ganhou sua unidade mais moderna, num investimento de quase R$ 10 milhões, com equipamentos laboratoriais de ponta e salas com pressão, ventilação e climatização próprias. O espaço é voltado para estudos, pesquisas científicas e análises clínicas, principalmente das doenças tropicais como as hepatites virais.
A virologia é uma área laboratorial de alta complexidade. São exames para que o DNA dos vírus seja estudado e que exigem muitos requisitos técnicos e de alto custo, mas que ainda assim fazem parte do dia a dia. Até hoje, quando um paciente precisa fazer esses exames no Acre, ele precisa recorrer a outros centros.
Em busca de soluções
Andreas Stocker, gerente-geral do laboratório, é um médico alemão que vive na Bahia e vem ao Acre regularmente para garantir a integridade da unidade, dar aulas para a formação de profissionais técnicos em biologia molecular e monitorar todas as atividades feitas hoje no laboratório oriundas de bolsas de pesquisa na área.
O médico alemão Andreas Stocker é responsável pelo laboratório e busca soluções para sua operacionalização (Foto: Diego Gurgel/Secom)
Segundo Andreas, o laboratório está em perfeito estado de funcionamento, mas ainda não possui uma área de coleta das amostras dos pacientes para análise, um espaço que necessita de um protocolo próprio em se tratando de biologia molecular. O investimento para a nova área de coleta de exames – que inclusive atenderia toda a Fundhacre – ficou orçado em R$ 350 mil. Com apenas parte desse valor investido, o laboratório até hoje não atende a população acreana que necessita dos tipos de exames ofertados.
“Um dos objetivos é melhorar a situação dos portadores de hepatites aqui, onde temos uma situação grave que não existe no restante do país. Para uma população pequena de 800 mil habitantes, nós temos mais de seis mil pacientes cadastrados com alguma hepatite. E esses exames que não tem aqui são necessários e caros”, conta o médico.
O presidente da Fundhacre, Lúcio Brasil, destaca que faltam poucos equipamentos para que a sala de coleta comece a operar, entre ar-condicionado, mesas, cadeiras, bancos de espera, entre outros. Mas com o decreto de calamidade da saúde vigorando e orçamento mínimo, ele se compromete a iniciar uma campanha para conseguir o funcionamento.
“Vamos tentar que entidades e empresários doem esses equipamentos em benefício da população. Queremos que em até 30 dias a sala de coleta já esteja funcionando e o laboratório atendendo à população”, conta Lúcio Brasil.
Pesquisas em andamento
Pesquisadores utilizam as instalações do laboratório para o desenvolvimento de projetos (Foto: Diego Gurgel/Secom)
O funcionamento do laboratório atualmente se resume a receber projetos de pesquisa sobre vírus. Uma equipe de pesquisadores no Acre, entre médicos e outros profissionais da saúde, tem buscado bolsas de financiamento nacionais e internacionais para seus projetos, principalmente em relação a doenças tropicais, como a tuberculose, as hepatites C e Delta, esta última exclusiva da região amazônica.
Eles utilizam as instalações do laboratório para o desenvolvimento dos projetos e em contrapartida usam suas bolsas para compra dos materiais necessários para as atividades e a coleta das amostras.
Para se ter uma ideia da importância dos financiamentos internacionais, alguns estudos realizados no Acre tem papel essencial no combate à doenças, como uma pesquisa realizada com a coleta de amostras em Sena Madureira em pacientes que contraíram o zika vírus, apoiada pela Sociedade Baiana de Infectologia e uma universidade de Berlim.
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