Superintendência do Laboratório de Defesa Agropecuária em Goiás concluiu estudos de 36 amostras do montante de 525, recebidas de todo o país.
Sementes vindas da Ásia apresentam altíssimo risco para agricultura brasileira, diz laudo
As pragas detectadas foram as da espécie myosoton aquaticum e descurainia sophia. A primeira espécie apresenta resistência a pesticidas, o que torna seu controle difícil, segundo o superintendente do LFDA/GO, Arnoldo Daher Junqueira. Ela é considerada daninha nos campos de trigo da China.
A segunda praga, descurainia sophia, é classificada como planta daninha nos Estados Unidos e Canadá, além de planta invasora no México, Japão, Coreia, Chile e Austrália.
O LFDA/GO encontrou os fungos cladosporium; alternaria; fusarium; e bipolaris. Outras amostras continham gêneros que têm espécies quarentenárias ou espécies com potencial quarentenário, como sementes de cuscuta; de brassica; de chenopodium; e de amaranthus.
Arnoldo Daher explica que a praga quarentenária tem grande potencial de causar dano econômico e ambiental ao país, e pode ser fungo, ácaro, bactéria ou vírus.
“Elas podem conter plantas daninhas e plantas invasoras, que causam grande dano econômico, como também podem conter vírus, bactérias e fungos, que causam muitos danos. Temos exemplos de pragas que não existiam na agricultura nacional e que hoje causam muitos danos”, afirma.
O laboratório de defesa agropecuária em Goiás começou a receber as sementes a partir de setembro e, atualmente, todos os estados brasileiros e o Distrito Federal relataram recebimento de amostras pelos Correios.
Segundo Arnoldo, a maioria das sementes analisadas é do tipo “ausente”, o que significa que não existe no país, e vieram de quatro países asiáticos.
“Temos que proteger a agricultura nacional contra essas pragas”, pontua Daher.
Análise anterior encontra sementes de rosas e orquídeas
Um balanço preliminar sobre a análise do Mapa, divulgado em 6 de outubro, encontrou sementes de rosas, orquídeas e até limoeiro.
Os técnicos identificaram naquela época sementes de plantas ornamentais e frutíferas, como suculentas e cerejeiras.
Embora os técnicos agrônomos encontrarem espécies conhecidas, os cientistas também descobriram a presença de ácaros, fungos, bactérias e quatro tipos de ervas daninhas que não existem no brasil.
Fiscalização
Desde o recebimento das primeiras amostras das sementes misteriosas no país, o Ministério da Agricultura intensificou a fiscalização das correspondências que chegam do exterior.
“Antes, a gente conseguia apreender 2 mil amostras por mês, hoje [esse número] já está em 5 mil”, afirma Arnoldo.
A Agrodefesa e o Ministério da Agricultura alertam para os riscos da manipulação desses materiais, como a possibilidade da entrada de pragas ou doenças que não existem ou que já estão erradicadas no país. A orientação é para que as pessoas não abram, não plantem nem joguem fora as sementes.
Sementes ‘misteriosas’ que clientes receberam pela foram analisadas por laboratório federal em Goiás
Foto: Giovanna Dourado/TV Anhanguera
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