Fernando Valduga - Mesmo após a Força Aérea Brasileira informar que estaria deixando de lado, pelo menos por enquanto, o interesse pela aeronave híbrida de transporte STOUT, a Embraer informou que ainda tem interesse em manter o projeto, com ajuda de potenciais clientes.
Durante um recente encontro do Comandante da Aeronáutica do Brasil com a imprensa no início de junho, foi relatado que a Força Aérea Brasileira estava renegociando com a Embraer os prazos de entrega da aeronave multimissão KC-390 Millennium, jogando para frente as datas de entrega para assim reduzir a sobrecarga nos investimentos pela FAB. Além disso, o Comando da Aeronáutica quer reduzir ainda mais o número de encomendas do KC-390 depois de concordar com a fabricante apenas em fevereiro sobre uma redução de 28 para 22 máquinas e um cronograma de entrega estendido.
O número agora pretendido pela FAB é de apenas 15 jatos KC-390, devido a outros investimentos. A negociação está em andamento com a fabricante Embraer, embora nenhuma decisão tenha sido tomada. A fabricante disse que o contrato para 22 aeronaves ainda permanece ativo.
No dia 16 de junho, os Países Baixos informaram que escolheram a aeronave C-390 da Embraer contra o C-130J da Lockheed Martin, com o secretário de Estado holandês van der Maat anunciando em uma carta ao Parlamento que queria comprar cinco aeronaves, com o início da entrega em 2026. A substituição prematura do C-130H é necessária porque eles são “cada vez menos operacionais devido a defeitos”. De acordo com o ministério, o C-390M tem maior disponibilidade, tem melhor desempenho com vários requisitos operacionais e técnicos e requer menos manutenção do que o C-130J.
Jackson Schneider, Presidente-executivo da Embraer Defesa e Segurança, reafirma que o KC-390 é claramente melhor do que um C-130J Hercules, por exemplo, com uma seção transversal de cabine maior (2,95 x 3,45 m em vez de 2,74 x 3,02 m) e uma velocidade mais alta (870 km/h contra uma velocidade de cruzeiro de 645 km/h do Hercules). Além disso, o KC-390 pode ser convertido para várias tarefas em pouco tempo. Schneider está, portanto, confiante de que o KC-390 pode garantir uma boa parte do mercado de transporte de médio porte estimada em 660 aeronaves (fora dos EUA).
Mas além da redução do KC-390, a Força Aérea Brasileira também colocou outro programa da Embraer em espera por enquanto. Trata-se do STOUT, um conceito para uma aeronave de transporte utilitário de decolagem curta com tecnologia híbrida. O conceito apresenta motores turboélice normais pendurados sob as asas, com dois motores elétricos instalados nas pontas das asas, que são usados para decolagens em curtas distâncias.
O projeto STOUT, lançado em dezembro de 2019 com uma carta de intenções da Embraer e do governo, deve ter dimensões semelhantes às do Turboélice EMB-120 Brasília, mas deve ser equipado com uma rampa de carga. Com 24 paraquedistas ou 30 soldados no interior, o alcance foi calculado em 2.425 quilômetros.
Embora o STOUT esteja suspenso por enquanto devido à falta de fundos da FAB, Schneider disse que estuda continuar o trabalho conceitual com outros parceiros potenciais.
“Pretendemos (retomar o desenvolvimento do STOUT) conforme as condições permitirem, mesmo com parceiros diferentes. Está suspenso (o projeto), não interrompido para sempre”, disse o chefe da divisão de produtos militares da Embraer.
O STOUT era proposto para substituir os antigos C-95 Bandeirante, em serviço com a força há quase cinco décadas, além dos C-97 Brasília.
Schneider contou que os estudos iniciais da Embraer sobre o avião híbrido provaram ser valiosos. No entanto, o executivo enfatizou que a fabricante precisa de “diferentes parceiros em potencial” para conduzir o avanço do projeto, o que eliminaria a dependência da FAB.
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