Qualidade do grão está sendo colocada em xeque pelo maior comprador
Canal Rural/Victor Faverin - Soja com 40% a 44% de proteína e 20% a 22% de óleo. São essas as novas demandas que a China – maior compradora do grão no mundo – está requerendo de seus fornecedores.
Conforme já destacado pelo Projeto Soja Brasil, o país asiático protocolou um documento na Organização Mundial do Comércio (OMC) que, se for aceito pelos membros, exigirá grandes esforços de Brasil, Estados Unidos e Argentina, os principais produtores da commodity agrícola, para atender.
De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, o desafio maior será responder aos padrões de proteína, que estão consideravelmente abaixo do requerido.
Soja brasileira, americana ou argentina?
Conforme análises de órgãos agrícolas dos três principais produtores de soja do mundo, quem sai na frente quando o assunto é teor de proteína é, justamente, o Brasil.
O grão nacional apresenta teor médio de 36,69%, conforme análise da Embrapa Soja feita nas safras de 2014/15 a 2016/17 em dez estados que, juntos, são responsáveis por cerca de 93% da produção brasileira.
Já o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta) demonstra que o nível da substância na oleaginosa argentina atingiu apenas 34,7% em 2017.
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Esse percentual é exatamente o mesmo do alcançado pelo grão norte-americano, conforme avaliação da United States Soybean Export Council conduzida entre 2006 e 2015. Por lá, o desempenho do grão foi ainda menor em 2017, com apenas 34,1%.
Tais números permitem afirmar que cada tonelada de soja brasileira possui cerca de 2% a mais de proteína se comparada ao grão argentino e norte-americano.
E o óleo?
Quanto ao óleo, análises argentinas e brasileiras colocam a soja de ambos em patamares similares: de 20% a 24%, o suficiente para atender as novas demandas chinesas, caso sejam aprovadas.
Neste quesito, a oleaginosa norte-americana leva clara desvantagem, principalmente aquela produzida mais ao norte do país, área marcada por frio mais intenso, fator que é preponderante para a redução desse teor. Assim, é comum encontrar amostras com cerca de 18% apenas.
Pedido legítimo
China importou 35,211 milhões de toneladas de soja do Brasil de janeiro a junho de 2022. Foto: Ivan Bueno/APPA
Para o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, e o presidente licenciado da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, o pedido da China é legítimo, uma vez que o cliente tem o direito de requerer mais qualidade do produto que adquire.
O Projeto Soja Brasil está acompanhando os desdobramentos deste assunto. Fique ligado! Nos próximos dias, reportagem com pesquisadores apontando a relação entre quantidade e qualidade do grão, além de uma nova tecnologia de análise.
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