Para as profissionais, faltam evidências e sobram contradições na acusação contra a deputada
Imagem mostra rosto da deputada Sílvia Waiãpi (PL-AP), em outubro de 2022, quando foi acusada de fazer harmonização facial. (Foto: rede sociais)
Deborah Sena - Profissionais da odontologia e da biomedicina se dedicaram a analisar a denúncia que envolve a deputada federal Sílvia Waiãpi (PL-AP), que teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), após ser acusada de usar R$ 9 mil do dinheiro de campanha para realizar um tratamento estético de harmonização facial, com o dentista Wiliam Rafael Oliveira, de Macapá. Para as profissionais consultadas, faltam evidências e sobram contradições na versão dos fatos que pesa contra a parlamentar.
“No caso da deputada, não se vê nenhuma alteração. É evidente que o rosto dela não apresenta mudanças,” apontou a cirurgiã-dentista, Vanessa Silvestre, de Minas Gerais.
E completou: “No emagrecimento facial, podemos aplicar botox na região da mandíbula, criando uma aparência mais esculpida e angular, um rosto mais fino e proeminente. Também podemos utilizar a lipo de papada enzimática, que utiliza ácido deoxicólico para metabolizar as células de gordura, reduzindo a flacidez no pescoço e eliminando a papada”, esclarece.
De acordo com a análise da profissional, “esses procedimentos, quando bem executados, mostram resultados em cerca de 30 dias. O que, no caso da deputada, não é observado nas fotos de antes e depois.
Ela finaliza: “Dois pontos chamam atenção: é estranho o dentista não lembrar do procedimento realizado na paciente, mas saber o valor e a forma de pagamento com exatidão. Além disso, ele emitiu um recibo fiscal manualmente, sem validade tributária. O correto seria uma nota fiscal.”
Outra especialista que comentou o caso foi a biomédica, Iris Gonzales, de Brasília que ressalta a ausência de evidências de mudanças no rosto da parlamentar.
“Para justificar o valor da harmonização facial, deveríamos ver uma transformação significativa na expressão facial dela, o que não é o caso,” afirmou.
Ainda segundo a biomédica, após a realização da harmonização facial, o rosto costuma ficar inchado e vermelho por alguns dias.
“É necessário que o responsável mostre as fotos de antes e depois da paciente, além dos produtos usados. Para caracterizar uma harmonização facial, deveriam ter ocorrido aumentos na mandíbula, maçãs do rosto, boca, nariz e aplicação de botox, o que não foi observado,” conclui.
A deputada federal Sílvia Waiãpi (PL-AP) teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) após ser acusada de usar R$ 9 mil do dinheiro de campanha para realizar um tratamento estético de harmonização facial.
A denúncia inicial, que chegou ao Ministério Público, foi feita pela então coordenadora de campanha da parlamentar, Maitê Mastop, e endossada pelo dentista de Macapá, Wiliam Rafael Oliveira.
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