Uma pareceria entre Tribunal de Justiça do Acre, prefeitura, estado do acre e iniciativa privada deve possibilitar a revitalização do espaço.
Erisney Mesquita - Inúmeras histórias poderiam ser contadas sobre a “Casa dos Ruelas”, ou “Palacete dos Ruelas”, como é mais conhecido esse verdadeiro patrimônio histórico de Cruzeiro do Sul (AC). O lugar, localizado no centro da cidade há muito tempo, estava esquecido. O passar do tempo se encarregou de maltratará-lo , ou melhor, em ruínas. Após um acordo firmado através do Tribunal de Justiça, entre a Prefeitura de Cruzeiro do Sul e o empresário Abraão Cândido, proprietário do local, a casa da família Ruela vai passar por reforma, e será totalmente revitalizada, inclusive atendendo padrões da arquitetura antiga.
A casa foi construída em um local estratégico, com vista para o Rio Juruá. A revitalização ainda não havia acontecido devido a um impasse entre a prefeitura e o empresário, dono do local. O anúncio da revitalização do espaço foi dado pelo prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales, durante as festividades de aniversario do município.
“Nós, que pensávamos que íamos perder aquele patrimônio histórico, vamos na verdade ganhar”, falou o prefeito.
As negociações para revitalização do local foram intermediadas pelo Juiz Erick Fahat, da 1ª Vara Cível da comarca de Cruzeiro do Sul.
“Esse acordo foi celebrado após a instalação do Cejus, que é um centro de conciliação, que foi feito semana passada pela presidente do tribunal de justiça. A própria presidente iniciou com as partes a discussão de termos para o acordo, e foi concluído hoje, na data do aniversário da cidade, e que visa a recuperar o palacete denominado “Palacete dos Ruelas”. Então, foram pactuados os termos desse acordo, entre eles, prazos para cumprimento”, falou.
A Fundação Elias Mansuor ficará responsável por apresentar o projeto de restauração no prazo de 45 dias, após apresentar para o empresário, ele terá o prazo de 30 dias para iniciar a obra.
A construção do imóvel data de 1940, e pertencia ao português Joaquim Maria Ruela, um patrão de seringal, que na época do auge do ciclo da Borracha utilizava o espaço como sede de suas atividades comerciais, além de moradia. O historiador cruzeirense Franciney de Almeida, fala um pouco da construção do prédio.
“Essa casa tem tudo a ver com a história da 2ª Guerra Mundial. Em 1939, com o início da 2ª Guerra, era a Alemanha que financiava a prelazia em Cruzeiro do Sul, e os bispos, os padres, deixam de enviar recursos para a região, e os empresários, os seringalistas da época, como é o caso do seu Joaquim Maria Ruela solicita do bispo Dom Henrique Hither, que libere o arquiteto dele para fazer a casa dele. As pessoas dizem que é a casa mais antiga de Cruzeiro do Sul, mas não é”, contou.
Franciney que também é funcionário público dedica boa parte de seu tempo na pesquisa.
“A casa dos Ruelas é a última casa de seringal que está de pé em Cruzeiro do Sul, e ainda, na região do Juruá, não há nenhuma residência que tenha mantido essa arquitetura e esse porte imponente, apesar do abandono por mais de 25 anos. A importância dela não é nem tanto pela data que foi feita, mas por representar o seringal, como nossa cidade foi fundada”, enfatizou.
Toda intermediação entre município e o empresário Abraão Cândido, dono do imóvel, foi feita pela desembargadora Cezarinete Angelim, Presidente do Tribunal de Justiça do Acre.
“Esse presente foi dado a Cruzeiro do Sul pela passagem de seus 111 anos de existência, através do acordo firmado pelo tribunal de justiça, e homologado pelo nosso magistrado Dr. Érick, e formalizado pelo prefeito Vagner Sales, e pelo promotor de justiça Dr. Leonardo e nosso empresário Abraão Cândido”, disse.
O próprio empresário Abraão Cândido da Silva vai bancar a reforma. Segundo ele, é de seu interesse repassar o espaço ao poder público, para que esse possa ser de fato aproveitado pelo cidadão cruzeirense.
“Eu estou muito satisfeito, pois aquilo do jeito que está só está inferiorizando Cruzeiro do Sul. O local continua sendo meu, mas eu continuo aberto a negociações. O local precisa ser da sociedade. Sendo minha propriedade, eu vou querer fazer algo lá, mas precisa ser um museu, algo para o governo ou prefeitura. Aquele ali é um terreno muito bom, e o comerciante pensa em fazer algo para utilizar como comércio, mas ninguém vai demolir. Eu concordei e vou fazer a reforma lá”, explicou o empresário.
Enquanto a reforma não vem, o que resta é esperar e apreciar esse cantinho mais que cinquentenário, onde a história da segunda maior cidade acreana começou a ser escrita.
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Nota: Aqui em Tarauacá também tem-se o costume de tombar CASAS HISTÓRICAS, principalmente por empresários.
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