1 de fev. de 2019

Eduardo Braga e Vanessa Grazziotin são denunciados pela PGR por ‘caixa três’


Líder do MDB e a ex-senadora teriam recebido de propina R$ 2,350 milhões em 2012, época que o então PMDB (atual MDB) apoiou candidatura de Grazziotin à prefeitura

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) e a agora ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) foram denunciados por "caixa três” pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o site “Congresso em Foco”, a denúncia foi divulgada pela PGR no momento em que o novo líder do MDB defendia o voto fechado para a eleição à presidência da Casa.

De acordo com Raquel, a prática foi adotada pelo Grupo Odebrecht para esconder doações de campanha, que eram feitas a políticos em nome de outras empresas. Ainda de acordo com a denúncia, a empresa Praiamar efetuou doações de R$ 700 mil à campanha de Vanessa para a prefeitura de Manaus, em 2012, e de R$ 1,65 milhão ao diretório local do PMDB (atual MDB) na capital do Estado. Na época, o diretório era presidido por Eduardo Braga e apoiou a então candidata do PCdoB.

O termo “caixa 3” foi cunhado pela Polícia Federal e se refere à prática de empresas ao financiar campanhas eleitorais sem que seus nomes apareçam na prestação de contas de políticos. É diferente do caixa dois, que se refere a recursos financeiros não contabilizados e não declarados aos órgãos de fiscalização.

Recursos da Odebrecht

À reportagem do “Congresso em Foco”, Raquel afirma que os recursos saíram da Odebrecht e passaram pela Praiamar com o objetivo de “dissimular a real origem dos valores advindos da Odebrecht”. Em delação premiada, o ex-presidente da Odebrecht Ambiental Fernando Ayres Reis disse que se encontrou com Vanessa em agosto de 2012, em Manaus. Na ocasião, segundo ele, foi acertado o repasse de R$ 1,5 milhão. De acordo com o delator, o valor foi liberado pela empreiteira.

Ayres Reis afirma que a transação foi registrada no sistema Drousys, utilizado pela Odebrecht para gerenciar o pagamento de propina e caixa dois. Conforme o delator, Vanessa é identificada na planilha como “ELA”, ao lado do valor de R$ 2,35 milhões. A doação, segundo o ex-executivo, foi intermediada por Walter Faria, empresário do Grupo Petrópolis.

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Raquel Dodge sustenta que Vanessa e Eduardo Braga inseriram informação falsa na prestação de contas eleitoral. Além dos dois políticos, de Ayres Reis e Walter Faria, também foram denunciados os empresários Roberto Luiz Ramos Fontes Lopes e Eduardo José Mortani Barbosa. A PGR pede o pagamento de indenização por dano moral no valor de R$ 2,350 milhões, mesmo valor doado pela Odebrecht.

Posicionamento 

Em nota, o senador Eduardo Braga afirmou que não tem nenhuma responsabilidade sobre a prestação de contas da então candidata Vanessa Grazziotin ou de qualquer outro candidato no pleito municipal de 2012.

Ele sustenta que não solicitou doações em favor de nenhuma candidatura. “Não tratou de financiamento eleitoral com nenhuma empresa ou pessoa física. Esses fatos foram devidamente esclarecidos no inquérito policial em que o senador Eduardo Braga foi ouvido como simples testemunha. O inquérito, aliás, nem chegou a ser concluído. Por isso, a medida da Procuradoria-Geral da República (PGR) é precipitada e profundamente injusta no tocante ao senador Eduardo Braga. Além disso, não encontra apoio em nenhum elemento de informação constante dos autos do inquérito conduzido pela Polícia Federal”, diz em nota.

O presidente do diretório estadual do PCdoB, Eron Bezerra, resumiu a situação como um verdadeiro “caça às bruxas”, tendo em vista que todo o dinheiro foi declarado e recebido de forma legal na época.

“É lamentável uma matéria desta, onde, o próprio delator (Fernando Ayres Reis) alega que não teve qualquer tipo de relação com a senadora. Nós ainda anexamos na contestação dele as comprovações de que recebemos o dinheiro de forma legal”, disse Eron.

A reportagem tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da ex-senadora Vanessa Grazziotin, mas não obteve sucesso até a publicação desta matéria. 

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