1 de mar. de 2021

Tudo sobre o possível ataque do Irã contra embarcação israelense

Felipe Moretti - O Golfo Pérsico, assim conhecido pelo ocidente, faz fronteira com diversas nações árabes como Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos e Omã, e a nação islâmica Irã, com uma área de 240 mil km e profundidade máxima de 90 metros, enquanto a profundidade média é de 50 metros.

Por esta estreita e importante área de águas agradáveis em torno de 20 ºC se passam mais de um terço da produção diária mundial de petróleo, não é por menos que possui mais de 65% das reservas mundiais do fóssil.

Tais movimentos comerciais e militares na região tornam a área tensa e sempre em disputa, mas para que a economia do golfo pérsico gire harmônica, é necessário o trânsito rumo ao Estreito de Ormuz para desembocar em um dos mares mais instáveis do planeta, o Golfo de Omã.

Nesta região, saída para o Mar Arábico, houve graves incidentes que afetaram o eixo das relações diplomáticas e econômicas entre os envolvidos, como ao ataque da Guarda Revolucionária Iraniana contra um drone RQ-4A Global Hawk de vigilância e reconhecimento, o Irã afirmava que a aeronave dos EUA foi abatida em seu território, com o ministro das Relações Exteriores, Javad Zarif, postando no Twitter uma linha do tempo do incidente.

Meses depois, como retaliação, o Comando Central e o Estado-Maior deram prosseguimento ao importante ataque que matou nada mais e nada menos que o líder da Força Quds, Qassem Soleimani.

Embora importante como rota de comércio internacional conectando o Oriente Médio à África, Índia e China, tem sua própria identidade cultural distinta. Todo o Golfo Pérsico tem sido historicamente uma região integrada caracterizada pelo constante intercâmbio de pessoas, comércio e movimentos religiosos, e os conflitos estão longe de terminarem.

Nesse sábado, 27 de fevereiro, o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, se manifestou que o Irã mais uma vez foi o responsável por um ataque orquestrado a partir de uma explosão diretamente a um navio de bandeira das Bahamas no Golfo de Omã.

Trata-se do transportador de veículos MV Helios Ray de propriedade de uma empresa de Israel chamada Ray Shipping, por meio de uma empresa registrada na Ilha de Man, sofreu uma explosão entre quinta e sexta-feira, 25 e 26 de fevereiro, respectivamente. Um oficial não identificado do Departamento de defesa Americano afirmou que a explosão deixou buracos não vitais de 1,5 m de diâmetro acima da linha da água em ambos os lados do casco.

A causa não foi imediatamente esclarecida no momento do ocorrido, entretanto, a partir de notícias israelenses, acredita-se que a marinha iraniana lançou um ataque de precisão para evitar baixas, disparando ao menos dois mísseis contra o casco do Helios Ray, para a sorte dos 28 tripulantes, nenhuma vítima foi relatada.

Ainda não está claro se o ataque partiu de mísseis ou minas Limpet, um tipo de mina naval que geralmente é colocada manualmente por um operador comando ou mergulhador na parte inferior do casco de um navio.

Durante entrevista à emissora estatal Kan, o ministro Gantz destacou que o “Irã está tentando atingir a infraestrutura de Israel, e pela localização do navio no Golfo de Omã, relativamente perto das águas iranianas, aumenta a interpretação da origem do ataque”. A explosão ocorreu em meio a altas tensões entre o Irã e os EUA, cujo ataque aéreo militar contra milícias na Síria apoiadas pelo Irã se tornou a força para tirar a Guarda Revolucionária da inércia terrorista, uma clara retaliação, e em consonante a isso, o ataque ao navio israelense parece ser a figura principal de vingança à morte de seu principal cientista nuclear, Mohsen Fakhrizadeh.

Apesar de não se tratar de um navio militar especificamente das Forças de Defesa de Israel, a embarcação possui DNA judeu, e transportava veículos da Arábia Saudita rumo a Cingapura. Após o ataque o comandante solicitou cobertura e porto, sendo forçado a ir para Dubai para reparos.

O Acordo de Abraão assinado no ano passado entre Israel e nações árabes foi essencial para a boa cobertura do navio no porto dos Emirados Árabes Unidos. Para o ocidente o Irã está forçando um conflito, já não mais segue as determinações do tratado JCPOA que restringia o enriquecimento de urânio, e agora novamente desferiu um grave ataque.

A empresa israelense proprietária do navio possui como fundador Abraham Ungar, conhecido como “Rami”, um dos homens mais ricos de Israel, ascendendo sua fortuna com infraestruturas de transporte e construção civil, e um executivo muito próximo a Yossi Cohen, chefe da agência de espionagem Mossad.

Para Ungar, o ataque é decorrente do jogo de xadrez entre persas e americanos. O ataque ainda segue indefinido, não há retóricas de possíveis retaliações econômicas ou bélicas das partes. Já aos persas, a negação é a arma do impasse e a fuga da culpa, e sabem que qualquer ato violento pode derrubar as já conturbadas conversações nucleares que podem minimizar as sanções econômicas sobre a nação, um acordo visto como ideal para Biden.

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